Á GLORIA DO G∴A∴D∴U∴
Venerável Mestre,
Irmãos em todos os Graus e Qualidades,
Apresento uma reflexão sobre um tema para mim delicado:
“como pode o maçom permanecer fiel à sua consciência quando o mundo à sua volta se torna infiel à humanidade”.
A Maçonaria é essencialmente moral e espiritual.
Não é um poder terreno, mas uma escola de consciência.
E, no entanto, não é , nem pode ser, indiferente ao sofrimento humano.
Porque, se a indiferença fosse virtude, a Luz deixaria de ser Luz.
A Nossa Augusta Ordem não discute política, mas condena ,sem hesitação, a injustiça, a crueldade e a desumanidade, venham de onde vierem.
Pois quem nega a dignidade do outro, profana o Templo invisível onde habita o próprio Grande Arquiteto do Universo.
Ser maçom em bom standing não é apenas estar em dia com as quotas, nem frequentar regularmente a Loja.
É viver com honra e consciência desperta, sendo justo entre os injustos, tolerante entre os intolerantes, humano entre os desumanos.
As nossas Constituições de Anderson ensinam que o maçom é “um súbdito pacífico que obedece às leis do país onde vive.”
Mas nenhum mandamento humano pode sobrepor-se à lei maior da fraternidade universal, que é a pedra angular da nossa Ordem.
Obedecer à lei injusta é negar a própria essência do Iniciado.
Há situações no mundo, que todos os Irmãos conhecem, sem que seja preciso nomeá-las, em que o homem pode cumprir a letra da lei, mas viola o espírito da Justiça.
Em que se protege sob a capa da legalidade, enquanto outros são humilhados, excluídos ou destruídos.
Em que o silêncio e a neutralidade se tornam uma forma de cumplicidade.
E é precisamente nesses momentos que se mede o verdadeiro maçom.
Não pelo conforto da obediência, mas pela coragem de erguer a voz da consciência.
Quem participa, ainda que passivamente, num sistema que oprime ou degrada o ser humano, perde a sua integridade moral e com ela, o seu bom standing maçónico.
Porque a Ordem não reconhece como Irmão quem fecha os olhos ao sofrimento, nem chama justo aquele que justifica a injustiça.
Um homem pode viver sob qualquer regime ou lei,
mas se a sua conduta for contrária à equidade, à compaixão e à verdade,
ele separa-se espiritualmente da cadeia de união dos verdadeiros maçons.
V∴M∴, Irmãos, não há neutralidade diante da desumanidade.
Quem vê a dor e se cala, escolheu um lado, o lado da sombra.
Quem tolera a humilhação alheia, deixou de ser construtor da Luz.
E quem usa a ordem para legitimar o abuso, abandonou a senda iniciática e regressou á escuridão.
O bom standing, portanto, é mais que uma condição administrativa;
é uma postura moral permanente, uma fidelidade silenciosa à Justiça e à Verdade.
É o estado de quem, mesmo no meio da escuridão, recusa tornar-se cúmplice das trevas.
A obediência à lei profana é um dever;
mas o respeito à dignidade humana é um dever sagrado.
E quando ambos entram em conflito, a Maçonaria ensina que o maçom deve seguir a voz interior que o liga ao Grande Arquiteto do Universo!
V∴M∴, Irmãos,
o mundo profano tem fronteiras, credos e bandeiras.
Mas o Templo Maçónico tem apenas Homens Livres e de Bons Costumes, unidos pela mesma busca da Luz.
Cada vez que um homem é oprimido, humilhado ou reduzido à condição de coisa, a nossa tarefa inacabada, a construção do Templo da Humanidade, sofre uma fratura invisível.
E essa fissura, se a ignorarmos, acabará por atravessar também o nosso coração.
Que o vosso juízo seja sempre reto;
que a vossa voz nunca se cale diante da dor;
e que o vosso bom standing seja o reflexo da vossa consciência desperta,
não apenas perante os Irmãos, mas perante o Grande Arquiteto e toda a Humanidade.
Paz, Justiça e Luz sejam convosco,
Que Paz reine sobre a Terra
José R. M∴M∴


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