Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues

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Mistérios e Natal

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Quando falamos dos mistérios, sejam da Maçonaria ou de qualquer outra espiritualidade, a maioria é levada desde a sua total negação até à adesão sem limites aos conteúdos de que esses mistérios são portadores.

Neste conceito entram, um pouco em salada, visões, milagres, formas de execução de tarefas ou de cultos cujos meandros e rituais permanecem apenas no conhecimento de alguns.

De facto, tudo o que acontece e não entendemos nem conseguimos explicar, fica como mistério — quanto mais não seja para facilidade da vida diária.

Desde que há história no mundo que os homens têm momentos e acontecimentos cuja explicação fica “envolta… em mistério”, o que na verdade se pode traduzir por “a explicação fica lá mais para diante”.


Alquimia, aparições de anjos ou santos nas batalhas abençoando uma das partes (e, por consequência, condenando a outra), a não explicação que envolve a criação do universo e o aparecimento da vida… tudo são mistérios que envolvem o Cosmos e para os quais o Homem procura entendimento.

Umas vezes descobre leis físicas que satisfazem a razão; outras fica-se por crenças; outras encontra respostas na Fé; e outras, ainda, não encontra explicação alguma.

Estou a falar-vos de mistérios…


Mais uma vez estamos em final de época.

O significado que isso tem é o significado que cada um lhe quiser dar.

Ano Novo, Vida Nova… treta!
Pró ano é que é… treta!
Temos que entrar o ano a comer passas… com cuecas azuis… em cima de uma cadeira… tudo treta!

O que pode mudar na passagem de um dia para o outro? Mudamos de ano? Convém ter consciência do significado convencional disto tudo.


Nós comemoramos o Natal? Para alguns sim, mas para muitos o significado da época é outro e a festa é outra. Para muitos mais, ainda, a época até nem tem significado nenhum.

No entanto, a cultura intrínseca à evolução das tradições e crenças religiosas quase que generaliza “a festa” nesta época do ano.

De facto, o homem, no seu entendimento iniciático do Cosmos, comemora historicamente a vitória da luz sobre as trevas: os dias começam a crescer depois da noite mais longa do ano. A luz do dia começa a sobrepor-se às trevas da noite. Chamamos-lhe Solstício de Inverno.

Que influência este fenómeno natural tem na existência humana, cada um interpreta à sua maneira — e cada um encontra, ou não, razões para festejar.


Para mim, a época não é propriamente de grande festa pessoal.

O tempo e a evolução cultural pela qual a sociedade portuguesa tem passado — e que conheço nos últimos 79 anos — alteraram substancialmente aquilo que me foi apresentado, em seu tempo, como “a festa da Família”.

Primeiro, porque tinha como prática religiosa a construção de uma família (o nascimento de um menino algures e toda a história envolvente davam significado esotérico à data). Depois, porque as condições e práticas sociais levavam ao agrupamento familiar para a ceia — com bacalhau ou sem bacalhau, isso era o menos importante.

O importante era a partilha entre os membros da família, que se reuniam e dividiam as tarefas da confeção da Ceia de Natal.


Entretanto, a evolução da sociedade alterou radicalmente os conceitos que presidiam à ideia de Família.

De forma egoísta, preferiria viver a festa à maneira antiga. Por isso Vos digo: pessoalmente, não sinto uma festa tão exuberante quanto se propaga.

De qualquer forma, quer queira quer não queira, quer goste quer não goste, o certo é que o marco da festa está marcado para 24/25 de Dezembro e o da mudança para a noite de 31 de Dezembro / 1 de Janeiro — mesmo sem qualquer mudança real.


E sendo assim, deixo um voto para todos nós, como Loja Maçónica em que estamos constituídos, e como Irmãos que nos reconhecemos:

Gostaria de sentir no próximo ano uma maior aproximação interna. Gostaria de sentir a vontade de juntar as famílias de todos. Gostaria de sentir maior coesão na nossa convivência.

Entendo que não deveria haver qualquer tabu de conversa, sem que isso pudesse significar sequer a possibilidade de afastamento.

Não podemos falar de política… Não podemos falar de religião… Não podemos falar de futebol… Não podemos falar de “gajas”… Resta pouco, verdade?

Estas regras parecem-me a menorização da nossa capacidade de trocar ideias.

O desentendimento só acontecerá se e quando algum extremar a sua opinião. Será que não somos crescidos o suficiente para termos e aceitarmos Irmãos a pensar de forma diferente de nós próprios?


Se não somos capazes disso, então por mim entendo que somos capazes de muito pouco.

E tenho mesmo dúvidas que sejamos capazes de ser Maçons.
Ou então… sou eu que tenho uma ideia idílica dessa coisa da Maçonaria.
Talvez seja isso.

Por agora deixo estas questões no baú das dúvidas iniciais e ficam, por agora, como mistérios. Irei juntá-los aos outros. Pode ser que algum dia alguém consiga explicação que eu entenda.


Não sendo por questão de hábito, nem tradição, antes de me calar quero desejar para todos:
Muita Paz e Alegria, seja a época vivida sob o significado que cada um entenda dar-lhe.

Pelo menos, estes sentimentos são capazes de ser iguais para todos.


Disse
J. Paiva Setúbal M∴M∴

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