Este Momento II

É à Glória do GADU

É porque estou em falta contigo, meu QVM, que há semanas me pediste para preparar algo para ler em Loja e eu não o fiz (não pude estar nessa Sessão).

É porque a RLMAD foi durante vários anos referida como exemplo e tem sido tomada como referência, que peço alguns dos Vossos minutos.

Afinal, o objetivo destes encontros não é o ágape. O ágape é importante, mas não é o objetivo. E esta Sessão, tendo sido ligeirinha, dá para Vos ocupar alguns momentos. Ocupar mal… mas é o que tenho.

Um exemplo a seguir… e a perder

Voltando ao primeiro parágrafo:
A RLMAD foi durante vários anos referida como exemplo e tem sido tomada como referência, e nós enchemos o peito porque somos os melhores.

Um Irmão de uma outra RL visitou a RLMAD por duas vezes e comentou comigo:

• Na primeira vez, há talvez 2 ou 3 anos (o Covid baralha-me o calendário), quando nos reencontrámos disse-me:

“É pá, lá na tua loja está-se bem… vocês parecem uma família… são mesmo amigos, não é?”

• Na segunda vez, há poucos meses, disse-me:

“Olha lá, o que é que se passa com vocês? Parece que estão todos zangados uns com os outros…”

Isto é textual.

Repito: a RLMAD foi durante vários anos referida como exemplo e tem sido tomada como referência e, em consequência, nós enchemos o peito à campeão… somos os maiores. Só que me parece que começamos a jogar como muitas vezes o Benfica tem feito: nem é preciso ir a jogo, mandamos só as camisolas, esquecendo que o jogo só se ganha mantendo os passes ligados, chutando para a direita quando o parceiro está à direita e para a esquerda quando ele está à esquerda. Ora, temos andado a chutar para fora com grande frequência, falhando passes sucessivos.

Falta de treino

E porque é que isto acontece? Meus Irmãos, é falta de treino!
Não estudamos as jogadas que queremos fazer. Cada jogo tem a sua tática ajustada e a tática para cada jogo prepara-se nos treinos.

Se não treinamos, depois em jogo não sabemos para que lado devemos chutar e, tal como o Benfica com frequência demasiada, é só chutar para canto. E isso é péssimo. De melhor do mundo passa-se num instante a ser a risota dos demais.

A RLMAD foi durante muitos anos uma família, dentro e fora do Templo.
Fora, o pessoal encontrava-se frequentemente, pais, filhos, muitas vezes com amigos de uns e de outros, em encontros brancos — de estudo e de grande convívio — com almoço e/ou jantar, mas sempre com o objetivo de aprender algo e fortalecer o conhecimento mútuo.

Dentro do Templo, havia a vaidade de querermos fazer tudo bem… e fazíamos (quase) tudo bem, conscientemente. E fazer quase tudo bem em Loja é muito diferente de fazer quase tudo mal. Mas temos tido Sessões em que fazemos quase tudo mal. Porquê? Falta de treino, falta de estudar as jogadas e… inventa-se, chutando para canto.

Afastamento e a Cadeia de União

Quem cá está há uns anos sabe que a Loja sofre de afastamento — ideológico e físico.
E digo eu que o primeiro resulta muito do segundo. É a comunhão de esforços pela perfeição que conduz também ao conhecimento das razões de cada um.

Falamos com frequência na Cadeia de União, o momento mais importante da Sessão. Pois bem: cada nó da Cadeia é um indivíduo, com pensamento, vontade e razão diferentes. E, sendo diferentes, encontram-se ali, formando a Cadeia. E eu ouso perguntar… “de União”?

Tenho sentido dificuldade na perceção e aceitação das diferenças. Não podemos ter ilusões: cada um pensa diferente, defende políticas diferentes, clubes diferentes, soluções diferentes. Só que essas diferenças têm de nos unir, não afastar. Se pensássemos todos pela mesma cabeça, não haveria Maçonaria.

Tolerância e amor

Paremos e pensemos no que andamos a fazer. Pensemos na Cadeia de União e no seu significado.
Tolerância precisa-se! Amor precisa-se!

Se somos bons e queremos continuar a ser os melhores, temos de estar de corpo inteiro. Não chega mandar as camisolas, temos de trabalhar. E quem nunca se enganou que ponha a mão no ar. E quando aconteceu, não foi bom ter alguém que apontou o erro e deu a dica para a correção, sem arrogância?

Fim do ano maçónico

É a última Sessão do ano Maçónico. Peço que aproveitem para rever atentamente o Regulamento da Loja e os detalhes do ritual, em todos os graus e cerimónias.

Desejo a todos um bom período de descanso, com votos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
E não há Liberdade sem Tolerância e sem Amor.

Para os que enfrentam problemas de saúde, que a recuperação seja rápida.

Quando o momento continua… porque deve continuar!

É à Glória do GADU e à continuação da Paz e Alegria que conheci nesta extraordinária RLMAD que o “Momento” de 26/Jul continua.

A RLMAD acaba de instalar um novo VM:. para um novo ano maçónico.

O papel da equipa

A primeira ação do VM:. instalado é criar uma equipa de Oficiais.
São feitos convites e só aceita quem quer. Mas uma vez aceite, acabou a liberdade: é um contrato anual. Não há VM:. que cumpra o veneralato sem a sua equipa.

E a vida em Loja não se resume ao VM:. — sem Secretário não há comunicação com GL, sem Tesoureiro não há contas, sem Hospitaleiro não há apoio, sem MC:. não há iniciações bem preparadas. O ritual é uma encenação, uma peça de teatro em que todos têm o seu papel.

Compromisso até ao fim

A aceitação de uma função é para o Veneralato todo. Quer sair? Primeiro cumpre. É uma questão de responsabilidade. Quem abandona a meio, não serve para Maçon.

O texto e a representação

O ritual tem movimentos e tem texto. A representação deve ser equilibrada: nem rigidez absoluta, nem comédia desmedida. Uma bucha ou um encher chouriço, quando a propósito, dão vida à representação. Os preciosismos devem ser usados com moderação.

Resumo

Conhecer bem o ritual, aplicá-lo sem falhas, mas com bom senso.
Só assim manteremos a convivência saudável e faremos com que vir à Loja seja um prazer, nunca um sacrifício.

Setembro/2023
J. Paiva Setúbal