A∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
I∴M∴R∴G∴M∴
I∴V∴M∴
I∴ 1.º V∴
I∴ 2.º V∴
I∴ Visitantes
MM∴II∴ em todos os v∴ GGr∴ e QQld∴
Vale de Lisboa, em 12 de Março de 6014
O presente texto não está redigido segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990/2009
Duração da leitura: 20 minutos com a audição da Milonga “Los Hermanos” incluída
Preâmbulo
Foi e é para mim uma subida honra, que não declinei, ter sido convidado para escrever estas linhas a serem lidas em tão solene momento nesta nossa M∴Q∴ e R∴L∴M∴A∴D∴, n.º 5, que tem seguramente outros, muitos e melhores OO∴, já com o devido reconhecimento M∴ tanto interno, quanto fora das “fronteiras” da nossa L∴.
Agradecido, pois, por tão generoso convite, esperando corresponder ao solicitado, passo, sem mais preâmbulos, a considerar o interessante tema que me foi proposto:
OS MM∴ II∴ RECONHECEM-ME COMO TAL

Será seguramente incomum, e quiçá inovador, este jeito de iniciar uma Pr∴ pela abordagem a um poema. Acontece, porém, que este em particular me pareceu suficientemente interessante, e por isso assim o farei: em 1969, o maestro Atahualpa Yupanqui escreveu o poema “Los hermanos”, com o qual tive a ousadia de iniciar e concluir esta Pr∴.
Pequena nota biográfica
Atahualpa Yupanqui (nome que em Quechua significa: “aquele que vem de terras distantes para dizer algo”), nasceu na Argentina (filho de pai Quechua e mãe Basca) e veio a esta passagem pelo mundo como Héctor Roberto Chavero, mais propriamente, nascido dentro da “llanura pampeana” em Pergamino, província de Buenos Aires, a 31 de Janeiro de 1908, e faleceu em Paris, a 23 de Maio de 1992. Deixou vasta obra cultural, nomeadamente poética e musical.
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle, en la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza adelante
Con los recuerdos de tras
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
É, eu tenho tantos II∴,
vindos daqui e de todos os sítios, de perto e de longe, cada um com os seus trabalhos, os seus sonhos, as suas esperanças e as suas memórias.
E são tantos os meus sonhos, nos sonhos dos meus II∴, que os não consigo sonhar.
Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con un rezo pa’ rezarlo
Con un llanto pa’ llorar
Con un horizonte abierto
Que siempre está más allá
Y esa fuerza pa’ buscarlo
Con tesón y voluntad
Cuando parece más cerca
Es cuando se aleja más
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
E eu tenho tantas mãos,
mãos unidas de irmandade, mãos que aquecem almas, enxugam lágrimas, apontam, seguram e aplaudem, mãos que se unem em cadeia para orar com os olhos num horizonte aberto que, uma vez tocado, novos horizontes desvenda; mãos em busca infinita que se reconhecem ao tocar,
e, são tantas essas mãos que as não consigo contar.
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Nos perdemos por el mundo
Nos volvemos a encontrar
Y así nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por la copla que mordemos
Semillas de inmensidad
E eu percorro tantos caminhos,
e são tantos os caminhos, que sozinho os não consigo caminhar.
Os meus caminhos, no caminho dos meus Irmãos por onde nos dispersamos no mundo, sementes de imensidão, para nos voltarmos a encontrar… pois quem nos tentou enterrar desconhecia esse facto, não sabia que éramos “Sementes”,
e assim nos reconhecemos!
Curioso, como ao sermos reconhecidos, qual semente germinando, o outro nos abre o sorriso e os braços, como se fosse o mais velho e o mais querido dos nossos amigos!
Este, porque não há como explicá-lo, é um dos intransmissíveis segredos que conferem carisma à nossa irmandade, gerando laços que são, o mais das vezes, mais fortes que os laços de sangue.
Diz-nos o ritual do 1.º Gr∴ que à pergunta “És M∴?” o I∴ responde: “os meus II∴ reconhecem-me como tal”. E é assim que ele responderia porque, estando no Gr∴ de A∴, assim lhe ensinaram que se deveria responder, mas se não lhe tivessem dado essa norma ele poderia responder sim ou não, ou talvez, ou até, não sei.
Será então que o I∴A∴, e por extensão todos os II∴, perderam a sua capacidade de julgamento e livre arbítrio ao serem recebidos MM∴?
Será que continuam livres de pensar, se sempre têm que remeter a sua resposta ao reconhecimento do colectivo dos II∴? Então não é a M∴ uma associação de homens que, para lá de serem de bons costumes, são obrigatoriamente livres?
Sendo a M∴ uma organização em que os seus direitos e deveres foram e são criados e escolhidos pelo consenso de todos II∴, os mesmos escolhem, e cada um de “per si” seu o comportamento ideal, dentro da liberdade mais ampla, onde os direitos de cada um são limitados apenas pelos idênticos direitos dos seus II∴.
É isto que nos diferencia de outras instituições nas quais a colectividade não escolhe os seus direitos e conduta, mas escolhe isso sim os “seus” agentes do poder, nos quais, uma vez escolhidos, alienam todos os seus direitos e soberania; e, lá vêm as restrições de liberdade;
e
lá se vai a igualdade,… e com ela a fraternidade.
Poderá então a irmandade/fraternidade ser definida como a arte de equilibrar a individualidade com o colectivo?
Comecemos então por recordar a abertura dos trabalhos que há poucos momentos ocorreu nesta nossa M∴R∴L∴M∴A∴D∴:
O I∴G∴I∴ acabara de fechar as portas da L∴, e o I∴V∴M∴, chegado o momento de iniciar os trabalhos, tomou uma dupla precaução:
1.ª — Assegurou-se que o T∴ estava devidamente “a coberto dos PProf∴”; e,
2.ª — Mandou verificar se todos os que se encontravam dentro do mesmo eram, pelo menos, AA∴MM∴, e ainda assim, desafiando o domínio das probabilidades, após uma solene pausa, lançou uma surpreendente pergunta ao I∴1.ºV∴ (que nem sequer é o porta-voz da Of∴ dos AA∴): “És M∴?” À qual o mesmo respondeu com o tema que aqui tratamos.
Então? Não tinha já o I∴V∴M∴ recolhido boa informação através dos II∴VV∴ que todos os II∴ eram MM∴RR∴?
Ou será que foi apenas uma simples questão de retórica o exame feito, pelos II∴VV∴ às CCol∴, bem como a averiguação do posicionamento “À O∴” dos II∴ nas mesmas?
Pelos vistos o I∴V∴M∴ não se encontrava nem contente nem satisfeito, talvez daí o ter novamente colocado a questão ao porta-voz das duas CCol∴; felizmente a resposta veio firme, e deu ele a tal resposta que o I∴A∴ devia, mas que, por força do silêncio que lhe é imposto, não poderia nunca ter dado:
V∴M∴, Os MEUS II∴ RECONHECEM-ME COMO TAL.
Será pois, como é de nosso costume, em torno desta resposta que tentarei aproximar-me o mais possível do seu valor e significado.
A resposta dada é, sem sombra de dúvida, uma resposta exemplar, ou seja, é uma resposta que deve ser tomada como um exemplo, para que saibamos responder quando alguém nos surpreende com uma pergunta tão directa, quanto inesperada; o I∴1.ºV∴ dá uma resposta prudente, contida e comedida, mas que, para lá de exemplar, considero admirável e sábia.
É ainda, e principalmente, uma resposta que é humilde, pois já lhe foi conferido um Gr∴ mais elevado que o Gr∴ de A∴, e assim podia muito bem ter exibido todos os seus GGr∴, títulos, medalhas, comendas e cargos, mas não o fez, limitou-se a comunicar ao I∴V∴M∴ qual a opinião que dele mesmo tinham todos os seus II∴, como que submetendo-se a um escrutínio permanente por parte dos mesmos.
Passemos então a analisar, decompondo-a, a resposta do I∴1.ºV∴:
Parte I – Os meus II∴
II∴, o que são? Qual o conceito de Irmandade/Fraternidade
Ao adentrar uma fraternidade digna desse nome, não sendo a nossa diferente, faz-se sempre uma escolha consciente com opção por uma vivência e convivência dentro dos parâmetros de tal associação, no nosso caso irmandade, normalmente com vista à realização de um objectivo comum, tendo sempre para tal sido, esse alguém, proposto, escrutinado e aceite, passando a ter com seus semelhantes que integram tal fraternidade, uma relação de igualdade, visto que em essência não há nada que hierarquicamente os diferencie.
São fratres/irmãos, sendo este conceito a peça-chave para a plena configuração e entendimento da O∴M∴.
Tal conceito, a Fraternidade, não é independente nem de forma alguma indissociável da Liberdade e da Igualdade, formando com elas o “triângulo essencial”; uma das valências do nosso triângulo ponteado ✺, pois, para que cada uma efectivamente se manifeste, é preciso, como já antes se referiu, que as demais sejam válidas.
A fraternidade é, pois, a base. Sem ela, não poderiam existir nem a igualdade, nem a liberdade verdadeiras; a igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é a natural consequência das duas.
Parte II – Reconhecem-me:
O que é reconhecer? Qual o nosso conceito de Reconhecimento?
Aqui, e para nós, o reconhecimento não é a lembrança de um benefício ou a gratidão por ele; este nosso reconhecimento não é o apôr de uma condecoração.
O reconhecimento é mais a recognição.
É um acto ou efeito de reconhecer que vai bem para lá da simples aceitação, pois, para se “re-conhecer”, há que conhecer previamente, e isto implica muito mais que um simples processo de identificação de uma realidade objectiva.
Tal “re-conhecimento” provém dos modelos da Condição M∴, construídos todos eles por uma auto-experiência sempre em fase de aperfeiçoamento e com auto-reconhecimento da sua própria evolução.
E é este reconhecimento que nos leva a assumir que ninguém “É”, “Eu-Sou” só há Um! O Deus Íntimo e Invisível, o primeiro regresso à Unidade, que se manifesta em forma de trindade como a luz branca que se refracta nas três cores primárias: o azul, o amarelo e o vermelho, representando simbolicamente a Vida, a Consciência e a Vida Forma. Mais uma das valências do nosso triângulo ponteado ✺.
Um homem, quando muito, “está”, mas mesmo quando está alguma coisa, só está porque alguém o reconhece como estando.
Assim, se alguém existe autorizado para certificar o que é a M∴, esse alguém é precisamente um conjunto de homens que entre si se reconhecem como II∴ e MM∴.
No meu entender fica claro, e de forma inequívoca provado, que o I∴1.ºV∴, ao não ter recorrido a nenhum testemunho individual, sublinhou uma das características mais decisivas e marcadamente M∴, e, mesmo mais do que isso, o I∴1.ºV∴ veio esclarecer que não dá para entender a M∴ se não se compreender esta dimensão social que vai até ao limite de que, se todos os teus II∴ não te reconhecem, simplesmente, não estás no seu seio, e logo, não és reconhecido como tal; como estando M∴!
A qualidade de M∴ não é algo que venha colado à pele de alguém por natureza ou por algum “direito divino”; é, isso sim, um produto cultural muito particular e em permanente estado de fractura, à medida de, e para um colectivo de pessoas que a si mesmas se chamam e reconhecem MM∴.
Não pode existir um M∴ debaixo da capa de um qualquer subjectivismo, rótulo, título ou etiqueta, porque é o Povo M∴, esse que entre CCol∴ se reúne no Oc∴ para seguir a Luz do Or∴, trilhando os estreitos e simultaneamente amplos caminhos da liberdade, quem o faz!
E são os II∴, quem por sua vez faz o Povo M∴, e é esse mesmo Povo M∴ que espiritualmente alimenta não só a O∴ como um todo, mas também, cada um dos II∴ de “per si”, sendo igualmente esse Povo M∴ que a si mesmo se aceita, se reconhece e é reconhecido.
Isto não quer dizer que não utilizemos nos nossos costumes outras práticas mais expeditas para garantirmos que estamos perante um iniciado M∴, como sejam as CCrd∴, o Tq∴ e as PP∴, práticas essas, algumas vezes indispensáveis e essenciais especialmente quando se trate de II∴ visitantes.
Parte III – Como tal:
Como M∴
Costuma-se dizer que a In∴ M∴ imprime carácter.
E imprime, mas essa transformação não se opera colocando nesse dia, mediante cirurgia ou outro artifício qualquer, dentro do In∴ um “chip” com todo o espectro de possibilidades espirituais necessárias à Condição de M∴; isso só se adquire com a frequência das sessões de L∴ e a prática de um método que conduzirá o In∴ à virtude, ao discernimento ético e à autodeterminação que o levará à já antes referida arte de equilibrar a individualidade com o colectivo, ou dito de outra forma: à Condição M∴.
Todos os II∴ são portadores de um potencial intrínseco precisando apenas de serem despertados para tal, e de assumir cada um a responsabilidade pela sua própria evolução, alinhando o seu propósito de vida com o seu propósito evolucionário para assim contribuírem para o engrandecimento da Condição de M∴, e por essa via continuarem a mostrar merecerem serem reconhecidos como tal.
E assim continuamos em frente e, carregando connosco em nós mesmos nossos mortos, sejam esses mortos aquela parte prof∴ de nós que morreu para possibilitar o “re-nascer” que vamos construindo e começou na nossa In∴, sejam os II∴ já reconhecidos na G∴L∴Or∴E∴, tudo isto para que nenhuma parte de nós, pois carregamos várias vidas, nem ninguém fique para trás.
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Y en nosotros nuestros muertos
Pa que nadie quede atrás
Yo tengo tantos hermanos
Que nos los puedo contar
Y una novia muy hermosa
Que se llama Libertad!
Q∴I∴ Luís Miguel, meu gémeo nesta R∴L∴M∴A∴D∴, estás M∴! Aqui todos nós te reconhecemos como tal, e todos te reconhecemos o maior cargo da M∴, que é o de verdadeiro I∴.
Como é bom ser teu I∴ Luís, e contigo ter tantos II∴ que os não conseguimos contar, … e uma formosíssima amante,
a quem chamamos ¡Liberdade!
Com a veleidade de esperar que os meus II∴ me continuem reconhecendo como tal…,
disse I∴V∴M∴.
A Ruela dos Santos M∴M∴


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