Prece Maçónica
Senhor, Grande Arquitecto do Universo!
Permitiste-me que, como Maçom, eu pudesse vislumbrar um
pálido clarão de Tua Luz ao ingressar nos Mistérios.
Ajuda-me, pois, a ser também luz para iluminar os caminhos
que abristes para mim, para os que agora acompanho e
para os que talvez um dia me seguirão.
Que eu reflicta em cada traço de meu corpo – veículo perecível
e transitório – e de meu espírito – essência imortal, a justa medida
do golpe do Teu Maço e o perfeito desbaste do Teu Cinzel, para
que toda minha individualidade reflicta inequivocamente Tua Vontade,
Tua Lei, Teu Desejo incontido e incontível de Criação.
Fizeste-me Maçom. Para isso morri, despertaste-me, renasci!
Estende-me, pois, Vontade Suprema, o verdadeiro sentido da
mansidão fraterna nos gestos, nas atitudes e no falar, para que por
mim honra e glória sejam dadas a Ti, Criador, não à criatura.
Ensina-me a humildade na crítica, sobretudo ao ser eu o criticado,
para que através de mim todos entendam e aceitem que a
humildade é uma de Tuas Essências.
Instrue-me nas virtudes da Paciência, da Tolerância e da Alegria.
Concede-me as chaves de suas portas para que eu possa confessar ao
mundo minha crença em Teus Desígnios tanto em juramento quanto
em acções, cada dia de minha vida.
Ajuda-me, Supremo Ordenador, no desenvolvimento da capacidade
de aceitar os outros como são, mesmo que isso me pareça a tarefa mais
árdua, a pedra mais bruta, a viagem mais penosa ou a taça mais
amarga, pois melhor que aqueles que um dia me conduziram diante de Ti,
conheces a verdadeira contextura deste seixo pequenino que sou
e como é discutível o meu julgamento humano.
Dá-me, bem antes da sabedoria de Salomão, a aceitação
de Jó para que minha palavra seja sempre voltada
para o bem de meus irmãos universais.
Sou pedra bruta, bem o sei, mas não inanimada
pois posso mover-me. Indica-me, então,
a direcção do Teu Golpe. Cinzela minhas arestas
e assenta-me na construção do Templo Universal
que Desejas e contra cujas Colunas tantos lutam
em insensata cegueira.
Caminhos e desapega-me de mim mesmo. Deixa-me ver a Ti sempre,
em tudo e em todos; jamais, contudo, assim o peço, que seja por
mim mas por meus irmãos.
Pois é somente assim que poderei ser justo e perfeito Maçom; é somente
assim que poderei apresentar-me diante de Ti, no
momento da Iniciação no Oriente Eterno, com minhas mãos
senão cheias ao menos calejadas do trabalho por amor
a Ti; com meus olhos senão cegos por Tua Luz ao
menos voltados em Tua direcção.
Criador, reconhecer-Te sinceramente como a Vontade
Suprema na ordem perfeita do Universo,
melhor de mim sempre e unir-me a Ti como a chama
que retorna ao lenho do qual partiu, na união final que
dispensa explicações.
Que eu possa, antes de cruzar as Colunas do Oriente Eterno,
olhar a marca de todos os meus passos e actos sem envergonhar-me
do pouco que tenha caminhado ou feito, se nesse pouco tenha podido
lapidar uma única pedra que seja e que meus irmãos universais,
ao passarem pelo lugar de meu último repouso, consigam
ver na soma de tudo o que pude ser ou fazer um
pequenino fragmento de Tua Presença.
Assim seja!
Irm António Carlos de Souza Godoi – A:.R:.L:.S:. Nove de Abril de Mogi Guaçu
Or:. de Mogi Guaçu – SP.