O Templo II

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Masonic Temple (Drawing)

Do Profano ao Sagrado, vai a distância longa, do caminho que, das trevas, conduz à luz, ou seja … ao conhecimento.

Do mundo da matéria, à dimensão do espiritual, ao domínio deste, sobre aquela, sem no entanto a renegar, desenvolve se um caminho de esforço, de aperfeiçoamento espiritual, que passa pelo abandono ao mundo Profano ou, a sua reformulação e enquadramento à luz de novos conceitos e valores, adquiridos em aprendizagem constante, ou seja … num aperfeiçoamento sucessivo.

A amplitude do tema escolhido e sobre o qual hoje me é permitido falar se, de início se me afigurou ser abrangível, foi, em crescendo, dimensionando se geométrica e esfericamente, tornando se em simultâneo cada vez mais complexo e, … reduzindo-me ao meu próprio significado e dimensão, em suma, quanto mais o aprofundava, mais distância me separava do seu verdadeiro significado.

O Templo Sob que ponto ou perspectiva o analisar?

  • No seu aspecto físico?
  • No seu conteúdo simbólico?
  • Na hierarquia e sequência da disposição dos seus símbolos?
  • Na execução dos seus ritos?
  • Nos seus aspectos cosmológicos?
  • Na sua solidez estrutural visível e invisível?
  • Sob o ponto de vista filosófico/existencial?

Bem, estes alguns aspectos que, embora limitados levaram me a concluir que o T:. não é um assunto possível de ser tratado a não ser em trabalho de Tese e… mesmo assim, possuindo formação e conhecimentos de base propiciadores de uma investigação aprofundada e… séria.

Em resumo, a ambição é inimiga ao homem e da sociedade, quando não devidamente contornada o que significa que, independentemente do aperfeiçoamento pessoal e societário, só por sucessivos passes ou fases do conhecimento cada vez mais aprofundados e amadurecidos individual e colectivamente poderemos alcançar o verdadeiro conhecimento e dimensão de nós próprios, dos outros e do Universo que nos rodeia.

Só neste caminhar constante e sem desfalecimentos, é possível apreender o conceito dos símbolos, e passar para além, muito além, das dimensões físicas do T:. (L:) e entender a dimensão do T:. humano onde todos e, cada um de nós constitui a dimensão do mesmo.

O T:. é… a humanidade em aperfeiçoamento onde, cada um de nós, como pedra cada vez mais perfeita, compõe a sua estrutura global e universal.

Esta introdução, já longa, tem como objectivo situar me perante os meus irmãos e, se possível transmitir-vos alguns pensamentos pessoais sobre o tema, fruto de reflexão/pessoal e… aprendizagem convosco.

Em todos os tempos, o Homem, como ser individual e, eminentemente social, procurou e procura o seu aperfeiçoamento individual e colectivo.

O Indivíduo sem o seu reflexo na sociedade, digamos a sua influência, e desta sobre aquela não tem razão de existência.

Em todos os tempos, o Homem procurou ultrapassar se, colocar se em causa, isto é… questionar se, definir o seu lugar no mundo – Humano e Cósmico – e, finalmente interrogar se sobre o significado da sua existência.

Em termos estritamente pessoais, penso que o problema do Homem e dos Homens partilhando os mesmos ideais e preocupações foi e, … será sempre, … o preenchimento do VAZIO que está para além da VIDA FÍSICA, traduzindo se em NASCIMENTO, DESENVOLVIMENTO e MORTE.

Foi, em última análise esta preocupação que me levou a solicitar a minha entrada neste T:. – o T:. M:. Aqui… vim encontrar uma dimensão incomensurável, direi cósmica no sentido global, abarcando do micro ao macrocosmo, dimensão essa, não limitadora da liberdade de pensamento, não exigente de uma Fé um Deus e em simultâneo não rejeitando este Conceito/Ideia.

Temos no entanto de distinguir entre o Conceito/Ideia de T:. M:. e a sua transposição/tradução para o espaço/local onde, todos nós somos consecutivamente aprendizes.

Se, sob o primeiro aspecto (Conceito/Ideia ) concebemos uma dimensão espiritual e de grandeza cosmológica sob o ponto de vista de Dimensão, seja na largura (de Norte a Sul), na profundidade (de Ocidente a Oriente ) ou na altura(do Nadir ao Zénith) que nos transporta à dimensão do Universo, no segundo aspecto teremos a feitura prática do Espaço em T:. L:. M:, com os seus símbolos, com a sua organização e disposição própria, digamos hierárquica, tentando representar – e não mais do que isso – neste mundo real e imperfeito o T:. PERFEITO, INTELIGENTE e BELO, o que significa que o T:. Físico só pode ser entendido se se apreender o seu significado simbólico, ou seja muito para além dele, mas necessariamente com ele e… através dele. Em suma, o T:. onde aprendemos é… e desculpem-me a figuração, a janela através da qual vislumbramos o longínquo. É portanto necessário cada um de nós e todos, saltarmos do real (do lado de cá) para o espiritual (lado de lá).

T:. M:. (refiro me de novo ao T:. M:/Conceito Ideia ) é no entanto distinto de outros Templos simultaneamente Conceito/Ideia de carácter religioso.

Este tipo de Ts:. são limitadores, isto é, excluem do seu seio grandes parcelas da Humanidade. O T:. M:. é UNIVERSAL, isto é, não excluindo Deus, também não o impõe. Acolhe no seu seio todos os homens honestos e de bons costumes, solicita-lhes, em seu benefício e da sociedade em que se integram que se empenhem na aprendizagem do conhecimento, que se aperfeiçoem e, posteriormente que transmitam ao mundo, ou seja aos outros Homens, a LUZ que, pela sabedoria adquirida, vai sendo cada vez mais radiante.

Diz Julles Boucher em “A S:. M:” – Edições Beruy Livres – Paris 1988 – passo a transcrever…

A arte de construir o T:. Ideal, tal é o fim que se propõe a Ma:. Este T:. é o Homem em primeiro lugar e a Sociedade em sequência. Na iniciação M:, o profano, recebendo a Luz, torna se Aprendiz M:; o seu trabalho consiste em “desbastar a pedra bruta” e, para tal, dois instrumentos lhe são suficientes:. o cinzel e o malhete. Quando a sua habilidade estiver desenvolvida, tornar se à Companheiro e aprenderá o uso de novos instrumentos. Mais tarde, acederá ao grau de Mestre que lhe dará o direito de ensinar/transmitir a ciência M:. aos Aprendizes e Companheiros“. – Tradução livre.

Voltemos um pouco atrás e coloquemo-nos algumas questões.

  • Qual o significado dos diversos tipos de Ts:. ao longo do longo percurso da Humanidade, como Entidade pensante?
  • Lascaux, Sthoneughe, Templos Egípcios, Persas, Templo de Salomão, Gregos, Romanos, Igrejas Românicas, Catedrais Góticas, Igrejas Renascentistas e Barrocas, Templos Asiácos de todas as Eras Locais de Expressão religiosa Africana, Floresta dos Índios Americanos, Ilha da Páscoa e um salto veloz à Basílica de S. Pedro da Costa do Marfim actual, infeliz e grave nos motivos que à mesma levaram.
  • Que expressões construídas são estas, senão a procura pelo Homem da sua elevação espiritual nesses lugares?
  • Qual a função do T:, senão a congregação de indivíduos tocando se nos seus ideais e inter-auxiliando se na procura do seu verdadeiro lugar no mundo?
  • Os Ts:, não serão, em última análise, os lugares onde, através dos RITOS, dos SÍMBOLOS, dos ESPAÇOS, dos PERCURSOS DE APRENDIZAGEM nos aproximamos mais, digamos cada vez mais da noção da Perfeição, da Inteligência e do Saber?

Penso que sim. No entanto, a todas as religiões faltou e, penso continua a faltar, a noção da Tolerância, da Diferença, da Liberdade.

Foi aqui que se colocou o meu pedido da A:. ao T:. M:. Pouco importa se o T:. Físico onde nos reunimos, não tem a imponência de um T:. Católico ou Ortodoxo (Grego Bizantino ou Russo). Digo apenas que É.

Quanto à dimensão, ela é Universal, isto é, abarca todos os seres humanos.

E, se nesta procura da perfeição individual e societária, neste T:. M:, nos aproximamos da noção absoluta da Sabedoria, da Força e da Beleza, do domínio ao Espiritual sobre a Matéria, do estabelecimento da Ordem no Caos, então, chegaremos à noção de uma Entidade, designemo-la por DEUS ou por G. A. U., a primeira destas, com princípio e fim, a segunda, com princípio, desenvolvimento e fim, princípio organizacional de todas as coisas.

E neste T:. dinâmico, desenvolvimentista, progressista e de aperfeiçoamento sucessivo que me devo situar. É aí, que em última análise eu sou, uma Parcela – microcosmos – como todas as outras parcelas que, em conjunto, são a própria justificação da existência do G. A. U. e sem as quais a noção de Deus ou do G. A. U. não tem razão de existência.

Cada um de nós, no seu progresso dentro do T:, no seu caminho das Trevas à Luz, pela Aprendizagem, é justificativo da existência do G. A. D. U..

É neste conceito que me situo. Terei então, necessariamente e com toda a liberdade do meu pensamento e independência, de fazer parte da noção de Deus ou do G:. A:. D:. U:.

Sem os pensamentos individuais, sem o aperfeiçoamento individual e colectivo, isto é, num Universo sem Homens, o conceito de Deus ou do G. A. U. parece me Absurdo.

Para finalizar, direi apenas que sem o ser e seres pensantes que O procuram – e o T:. M:. é o local e espaço/conceito onde melhor o posso procurar -, Deus ou G. A. U:. não seria Glorioso, mas Triste.

Se assim for, o Vazio que se nos coloca na nossa existência física é possível ser preenchido, ou seja, cada um e todos faremos parte da sua dimensão.

Então aí, não há mais lugar ao receio da Solidão, em suma da Morte.

Prancha de Autor não Identificado

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