A Pedra Bruta

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Em velho e amarelecido volume, bastante “picado” pelas manchas de humidade, que conheceu a letra de forma em Paris, no já longínquo ano de 1874, encontrei uma das múltiplas definições para “pedra bruta”. Editado pela conceituada Aillaud Guillard & C.ª – livreiros de Suas Magestades o Imperador do Brasil e El Rei de Portugal, o que nos prova que em matéria cultural ambos os monarcas comungavam do mesmo bom gosto e interesses literários – o livro “Bibliotheca Maçonica ou Instrucção Completa do Franc-Maçon”, define PEDRA BRUTA como “pedra informe que os Aprendizes desbastão – em linguagem de mesa, o pão”.

Entendo eu, que a pedra bruta poderá simbolizar a imagem alegórica do profano antes de ser instruído nos mistérios da augusta e soberana ordem maçónica. Mas. como tudo em maçonaria, outras explicações acharemos sem grande dificuldade. Os maçons não são homens perfeitos, lutam interiormente e praticam com os outros homens a tentativa do aperfeiçoamento constante e progressivo. Trabalhar a pedra informe na tentativa de atingir um trabalho perfeito poderá e é seguramente uma alegoria do próprio trabalho espiritual e de solidariedade de todo o Maçon em geral e do Aprendiz em, particular.

Eis, pois, porque a pedra bruta figura entre os vários objectos emblemáticos que devem sempre estar presentes nos trabalho rituais de qualquer dos três graus da chamada maçonaria simbólica ou expeculativa.

Por outro lado, a irregularidade da pedra bruta simboliza a personalidade rude e áspera e a impureza do espírito do profeno ou candidato que a condigão de Aprendiz procurará corrigir.

Senhor do conhecimento iniciático, o Aprendiz maçon deverá afagar e moldar as suas arestas com a ajuda do cinzel da moral e do malhete da justiga. Deverá combater e dominar os seus impulsos e paixões na tentativa permanente de adquirir o conhecimento do simbolismo do seu grau e a respectiva interpretação filosófica.

A pedra bruta ou tosca que está colocada junto à coluna de aprendizes deverá reflectir o grau de aperfeiçoamento, de evolução e de apreensão desses mesmos aprendizes à guarda do segundo vigilante da loja.

Se o esplendor dos trabalhos de uma loja se baseia na transição, na metamorfose da pedra bruta em pedra cúbica que o mesmo é dizer na evolução dos aprendizes, dos companheiros e dos mestres, poderemos com propriedade afirmar que o valor simbólico e interpretativo da pedra bruta é de suma importância no entendimento alegórico, simbólico, e emblemático de toda a maçonaria através dos tempos.

É que, também, a própria ordem maçónica deverá ser representada por uma nedra bruta que todos os dias se aperfeiçoa, limando arestas, tornando se pedra cúbica ou pedra de construção do grande templo que, como seres iniciados ou iluminados, deveremos construir qual hino à harmonia, à virtude, à tolerancia. à justiça. à solidariedade e ao progresso do Homem sob a guarda do Grande Arquitecto do Universo.

S:. A:. D:. – A:. M:. – R:.L:.M:.A:.D:.
12 de Junho de 5993

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