O Nosso Xadrez

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chão xadrez

Este pequeno texto começou a ser escrito ainda eu era Aprendiz, passei-o ao irmão Rui Bandeira como um rascunho de algo inacabado, e depois do seu valioso feedback, inacabado continuou.  Na última sessão, ao olhar para tão bela e repleta assembleia lembrei-me deste texto que tinha em bruto e resolvi limar um pouco para que hoje vos pudesse apresentar algo entre o tosco e o apurado, nem curto, nem longo e impresso a preto e branco.

O Nosso Xadrez

A vida é efémera e vivida com o resultado das decisões por nós tomadas, o Xadrez é o jogo da vida, efémero e com o desfecho como resultado das opções por nós tomadas. Pequenos ou longos movimentos, na vertical, na horizontal ou na diagonal, todos perfazem o caminho para nos levar a atingir o objectivo final. Jogada a jogada, passo a passo, vamos construindo o caminho neste nosso jogo de xadrez da vida, onde nós somos o rei até ao cheque mate que nos transcende ao oriente eterno.

Em loja, “O Xadrez” é representativo do piso do Templo do Rei de Salomão, apesar de esta representação ser meramente simbólica, pois o piso do Santo dos Santos é descrito na Bíblia no 1.º Livro dos Reis, capítulo 6, versículo 15, como sendo de madeira pinho. O Xadrez é um dos símbolos identificadores da nossa irmandade aos olhos dos profanos, provavelmente que grande parte dos profanos não entenderá o seu simbolismo, assim como muitos irmãos maçons poderão não concordar com a minha interpretação, afinal somos todos homens livres. Eu entendo-o como a interligação do dualismo de princípios, posições ou realidades.

Sou um homem de ciências, a 3 lei de Newton diz-nos que para uma acção há sempre uma reacção; A língua portuguesa evolui-o durante séculos e fazem dela parte prefixos como “Des” ou “Im”, morfemas que aglutinamos ao radical para poder exprimir a diferença entre Fazer e Desfazer ou Possível e Impossível. É este dualismo que me permite saborear, pois também já provei o amargo, que me faz ter problemas de consciência, pois tenho a percepção do bem e do mal e que me permite trabalhar no meu aperfeiçoamento e iluminação do conhecimento, pois já conheço a obscuridade da profanidade.

O nosso pavimento mosaico, parte de todos os nossos templos, não só me recorda a necessidade de existência de dualismo para que eu possa atingir a luz do conhecimento, mas também mostra que o caminho para este objectivo terá bastante percalços, necessários para progredir. Não basta ficar colocado no mesmo quadrado branco para passar o caminho, a progressão deve ser constante e eterna, umas vezes por quadrados brancos outras por pretos, mas cada passo desde a entrada no templo nos leva para mais perto da luz e mais para oriente. A Luz nunca a alcançaremos, mas cada vez estaremos mais próximos e o oriente espera-se longínquo e eterno.

O nosso xadrez é aquele que vemos sempre em cada loja, aquele que sentimos debaixo dos pés e onde nos foi instruído o nosso primeiro passo na maçonaria. Um dos problemas é que de tão presente que está, torna-se ausente, de tanto o vermos já não o sentimos. Ele mostra que sem ele não somos livres, não haveria escolha, nunca nos diferenciaremos entre homens, seriamos todos bons por defeito ou todos maus por defeito. Não haveria escolha e sem escolha não há individualidade.

Sempre que o caminho for sinuoso, sempre que o ritual já não nos motive, olhemos para o piso mosaico, vejamos o significado que ele tem para cada um de nós como maçom, a saída da obscuridade para a luz, e “cultivemos a fraternidade nos nossos corações e que os nossos olhares se voltem para a luz”.

O meu xadrez são vocês meus queridos irmãos, todos diferentes e todos iguais, separados mas colados pelas mais fortes das colas a irmandade e a fraternidade.

Desde o mais antigo mestre rezingão, que sempre me leva à razão,

ao aprendiz guitarrista que espero ver numa sessão como harmonista.

Juntamente com todos vós,

  • O “Antunesissimo” Venerável
  • o companheiro com distúrbios alimentares,
  • o mestre motard de triciclos,
  • o vigilante maratonista e também o dentista,
  • o mestre blogueiro e também o cervejeiro,
  • o meu querido mestre “En Loje” e o mestre esmoler a gritar o hino à capela,
  • o mestre das assinaturas e o mestre “vamos lá começar, tá na hora”
  • o mestre eterno aprendiz e o past refilão,
  • o arquivista e o dj da sessão,
  • também há o experto e outros mestres mais
  • como aqueles bons de samba e churrasco; os irmãos brasileiros,
  • outros aprendizes e companheiros.
  • Sem duvida que me faltarão nomear,
  • não é esquecimento, mas por não ter mais como rimar.

Joca_B, M∴ M∴ – R∴ L∴ Mestre Affonso Domingues, nº5 (GLLP / GLRP)

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1 Response

  1. Gecivaldo Ferreira de Oliveria diz:

    Bom dia, meu Ir.’. Joca_B.
    Trata-se de uma poesia maçônica este sucinto, mas, denso artigo.
    TAF.

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