Mestre Affonso Domingues
MITO – SÍMBOLO – GUIA
Ao intitular esta minha prancha para ser lida e vista durante as Comemorações dos 20 anos de existência da M:.R:. L:. Mestre Affonso Domingues, reflecti que o próprio nome da nossa L:. seria o mais adequado para assumir o título desejado!
Resolvi por isso associar o nome de Mestre Affonso Domingues não só pelo símbolo do seu nome e o mito da sua acção, mas também como um possível «guia» educador e virtual que, através dos seus desempenhos como «arquitecto», poderá ter dado o exemplo a ajudar a edificar e consolidar a construção «interior» da M:. R:. L:. M:. A:. D:.!
Para tal, nada melhor que recordar quem foram as personalidades dos Muito Respeitáveis Grão-Mestres que durante 20 anos tiveram a responsabilidade de conduzir com mestria, perseverança, dedicação e saber a Muito Respeitável Grande Loja Regular de Portugal e que, a partir de dada altura passou a ser a M:. R:. Grande Loja Legal/Grande Loja Regular de Portugal, da qual a nossa M:. R:. L:. M:. A:. D:. com o nº 5 e designada a Oriente de Cascais orgulha-se de ter sido das primeiras a levantar Colunas. Dela provieram muitos II:. sapientes e influentes que formaram outras Lojas e mantiveram, com perseverança o Espírito Maçónico livre e de bons costumes, apanágio fundamental da nossa Ordem.
Assim e como primeiro responsável no Grão Mestrado, vemos aqui o M:. R:. G:. M:. I:. Fernando Teixeira, um dos fundadores da nossa L:., que durante bastantes anos, fundou, lutou, manteve e consolidou a nossa Ordem Maçónica Regular. Não foram tempos fáceis, mas nada se cria sem altos e baixos, lutas e perseveranças, alegrias e tristezas! Ainda me lembro dele bastante bem, pois foi quem presidiu à cerimónia da minha iniciação, já lá vão 15 anos! Foi no ano da Graça de 6995, graça para mim, por ter entrado nesta Loja, juntamente com o meu I:. «gémeo» Ruela e sob o Veneralato do I:. Victor Escudero.
Estava eu nos primeiros passos da construção do meu «Templo» interior iniciático, ainda periclitante e com alicerces pouco estáveis, quando desabaram parte deles com um acontecimento inesperado que sucedeu não só na Grande Loja, como na minha própria Loja, tão directamente associada à mesma!
Denominá-lo-ei por analogia (que leva «água no bico», como adiante se verá), como o «Grande Cisma da Maçonaria Regular»! O referido «Grande Cisma», mais conhecido pelo «Acontecimento da Casa do Sino», abalou de certa maneira e, como seria natural, os meus conceitos ainda mal consolidados, de Aprendiz imberbe e incipiente! Mas, por vezes as calamidades surgidas e inesperadas passam a ser benéficas! Consolidamos as nossas dúvidas duma maneira positiva e construtiva. De qualquer modo, seja por isso ou porque já estava escrito no meu Destino, mantive o meu rumo e prossegui o meu avanço no trajecto iniciático a que me propusera.
Foi por esta altura e, como que estabilizando um barco nas águas revoltas desta tormenta, que surgiu a figura do nosso M:. R:. G:. M:. Luís Nandim de Carvalho, também um dos fundadores da nossa Loja, que, com a Sabedoria e Força que possui, conseguiu Harmonizar a procela dando-lhe uma nova Beleza e estabilidade que todos nós precisávamos para o renascer da confiança na nossa Maçonaria Regular. Assim surgiu a actual Muito Respeitável Grande Loja Legal/Grande Loja Regular de Portugal. Houve um rebaptismo do nome como afirmação e confirmação da sua legalidade tanto para a Ordem Maçónica Regular em Portugal, como também para as outras Ordens Maçónicas Regulares espalhadas pelo mundo e que a reconheceram como tal.
Felizmente que a nossa Loja nunca teve dúvidas e se manteve neste rumo, dando como tal o exemplo às outras Lojas Regulares já existentes.
Sucedeu-lhe o M:.R:. G:. M:. José Manuel Anes, mais outro dos fundadores desta Loja, meu amigo de há muitos anos, pois tendo eu sido um dos fundadores da Associação Fernando Pessoa, ele também o foi, tendo sido o seu 1º presidente da Assembleia-Geral. Com a sua figura carismática, conhecida nos meios esotéricos, continuou a estabilizar e a promover a imagem da Maçonaria Regular portuguesa, duma maneira inequívoca «d´áquem e alem mar» como sói dizer-se!
Depois sucedeu-lhe o M:. R:. G:. M:. I:. Trovão do Rosário. Os anos do seu Grão Mestrado foram para mim digamos, egoisticamente falando, inesquecíveis, pois foi durante esse período em que eu fui instalado como Venerável desta minha M:. R:. Loja!
Apoiou-me sempre duma maneira inequívoca, eficaz, sabedora e prestável, como todos os líderes o sabem fazer. Durante este meu período de veneralato a nossa Loja empreendeu pela 1ª vez na nossa Ordem uma Cerimónia de «Geminação» com a Loja sedeada em França: «Fraternidade Atlântica». Ele contribuiu com o seu apoio e presença na dita cerimónia. A propósito, não quero deixar de referir que, e em veneralatos seguintes, a nossa Loja já se geminou com mais duas Lojas, uma no norte do nosso país, em Bragança a M:. R:. L:. Rigor e a outra, na Áustria, a M:. R:. L:. Hipokrates.
Por fim o nosso actual e M:. R:. G:. M:. Mário Martin Guia, que é poeta e escritor, que é Amigo com A grande, que quando nos dá a grande honra de visitar a nossa Loja, o faz não só pela dignidade da sua visita, mas também com aquele à vontade e fraternidade que só poucos o sabem demonstrar tão bem! Eu sinto-o como um Amigo que nos entra pela casa a dentro! Ele que me desculpe por esta sem cerimónia mas, para os Amigos, ultrapassam-se os protocolos!
A nossa L:. orgulha-se que durante o seu Grão-Mestrado ter chamado para seus colaboradores directos os II:. desta L:. : o Vice Grão-Mestre, o I:. José Moreno, o Grande Tesoureiro, o I:. Paulo Rôla, o Grande Inspector, o I:. José Ruah, o Grande Correio Mor, o I:. Rui Bandeira e o Assistente do Vice Grão Mestre, o I:. Rui Clemente Lele, que é o Venerável Mestre da nossa própria Loja. Tendo homenageado com um Diploma de Mérito o nosso 1º Organista I:. Alexis Botkin.
Bem hajas meu Q:. e M:. R:. I:. G:. M:. Mário Martim Guia!
Dito isto, vou passar propriamente ao nome e influência esotérica e virtual do nosso «Mestre Affonso Domingues.
Porquê Mestre Affonso Domingues?
Desde os primeiros passos de aprendizagem maçónica, que somos ensinados a introverter a noção da «construção» do nosso «Templo» interior duma maneira longa, segura mas eficaz. Digamos que é o lema da Maçonaria Especulativa que por sua vez iniciou a sua germinação nos fins do século XVII princípios do século XVIII. Foi buscar paralelamente a sua doutrina especulativa à Maçonaria Operativa, mais prosaica mas eficaz, com as suas antigas «Guildas» e «Lojas» de Pedreiros ou Maçons que se associavam através da sua Arte de Trabalhar a «Pedra» e que eram guiados e ensinados pelos seus «Mestres-Arquitectos», para construírem edifícios especialmente consagrados a locais de culto religioso.
Em Portugal construíram-se numerosos edifícios nomeadamente Igrejas, Mosteiros e Conventos, alem de numerosos castelos e fortalezas necessárias par nos defender fundamentalmente dos inimigos próximos que eram, na costa marítima, os piratas e nas fronteiras terrestres, os vários Reinos de Espanha que nos rodeavam e ameaçavam. Destes, o principal, era o Reino de Castela que pela sua proximidade e ambição de conquista do nosso território, o tentava fazer, seja pela força do seu exército muito mais numeroso que o nosso, como também usando manobras político-religiosas por ter havido casamentos entre Reis portugueses e princesas espanholas que justificariam a posse da nossa Nação. Assim, deu-se a celebre Batalha de Aljubarrota entre o exército invasor de Castela, 10 vezes mais numeroso que o nosso, que era comandado pelo Condestável D. Nuno Alvares Pereira e por D. João Mestre de Avis. A batalha foi ganha pelos portugueses com tanta galhardia e de forma tão extraordinária, que D. João Iº a dedicou à Virgem Maria, tendo resolvido glorificar o feito histórico e o local, mais tarde chamado «Batalha» com a construção de um monumental Mosteiro-Convento a que chamaria de «Santa Maria da Vitória».
Para essa construção, reza a história, que escolheu Mestre Affonso Domingues, português, nascido em Lisboa e considerado na época como o melhor e mais sapiente construtor de catedrais.
Daqui e, como é evidente, surgiu o nome que foi dado à nossa L:.. Que melhor nome se poderia escolher? Juntava-se a figura do Mestre Maçon (pedreiro) operativo que criou os planos e construiu os edifícios e espaços principais da maior obra arquitectónica religiosa portuguesa de todos os tempos, com a formação duma L:. maçónica que seria a mais bem concebida simbolicamente na Ordem Maçónica Regular Portuguesa! Que os meus II:. das outras Lojas me perdoem o pecado da Vaidade!
Em segundo lugar temos o mito, provavelmente despoletado pela estória escrita por Alexandre Herculano sobre a construção da Casa do Capítulo, onde se afirma que Affonso Domingues, embora já cego e já sem a responsabilidade de continuar a ser o arquitecto da obra, devido à idade e cegueira, afirmara que a abóbada da referida casa do Capítulo não ruiria quando se colocasse a ultima pedra «chave» que a concluísse, tendo ficado sentado debaixo da mesma um dia e uma noite e teria dito: a abóbada não caiu nem cairá. Como não caiu até aos nossos dias! Esse mito será também o nosso: «a nossa Loja permanecerá indestrutível enquanto houver Maçonaria em Portugal»!
Que o Saber, a Persistência e a Beleza que guiou Affonso Domingues na construção maravilhosa do Mosteiro de Santa Maria da Vitória no sitio chamado Batalha, nos guie virtualmente na construção dos nossos templos pessoais e nos una permanentemente numa R:. L:. coesa merecendo o patrono que tem!
Penso que não ficará mal nesta altura em expor determinados factos históricos relevantes para a compreensão da existência do Mosteiro da Batalha, dos seus mistérios, da sua localização e de outros possíveis «segredos» que possam existir! Quem frequenta uma Loja com o nome de Mestre Affonso Domingues, tem no mínimo de estar ciente do que esse nome implica!
Remontemos à época em que o futuro Rei D. João Iº sendo ainda Mestre de Avis, Ordem Monástica que o obrigava a não casar e que tinha fortes ligações com a Ordem de Cister revitalizada por S. Bernardo de Claraval (ainda parente do nosso Conde D. Henrique). Os monges cistercienses já estavam sedeados em Portugal desde a época do nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques e tinham construído o Convento de Alcobaça. Ora, quando se deu a Batalha de Aljubarrota, a ideia primitiva de D. João Mestre de Avis, seria a de entregar aos monges de Cister o futuro Convento da Batalha, tanto mais por já estarem estabelecidos em Alcobaça, que ficava relativamente próximo e, como tal, não necessitariam de o habitar propriamente. O que ele não esperava era haver razões político-religiosas que iriam alterar os seus planos! Os seus dois principais conselheiros: Dr. João das Regras e o seu confessor Frei Lourenço Lampreia, aconselharam-no a entregar o novo Convento aos monges dominicanos. Havia o contra destes pertencerem a uma Ordem mendicante, que primava pela pobreza e vivia dos donativos dos fieis, contrariamente aos cistercienses que eram duma Ordem rica e há muito domiciliada na região, não necessitando de doações do Reino! Mas infelizmente as razões eram demasiadamente válidas para o futuro Rei concordar com os seus conselheiros! Ora vejamos porquê:
Com a morte do Papa Gregório XI em1378 foi eleito o Papa Urbano VI. Havia no entanto uma questão política, pois ele queria residir em Roma, no entanto, um grupo de reinos europeus onde estavam incluídos a França e Castela não concordavam, assim destituíram-no do papado e elegeram um outro Papa, o Papa Clemente VII que iria residir em Avignon! Pelo contrário, os reinos da Inglaterra, Alemanha e Flandres eram a favor do Papa Urbano VI. Como Portugal não se aliaria a quem estava com Castela, fez um Tratado de Aliança com a Inglaterra, que ainda hoje perdura (!) e juntou-se ao grupo que tinha elegido Urbano VI.
A esta divisão político-religiosa, foi dada a designação de «Grande Sisma» e eis aqui a explicação deste termo atrás falado.
O papa Clemente VII, o de Avignon, reconhece oficialmente o Rei de Castela como Rei de Portugal. Por sua vez o Papa Urbano VI, o de Roma, condena o Rei de Castela despojando-o de todos os territórios e honras. Como tal, D. João Mestre de Avis é reconhecido como Rei de Portugal! Também para fortalecer a sua aliança com a Inglaterra, casou-se com uma fidalga inglesa D. Filipa de Lencastre.
O Abade de Alcobaça, cisterciense, fora um dos apoiantes do Papa Clemente VII. Sendo assim, D. João Iº não teve mais dúvidas para decidir a entrega do novo Convento e Mosteiro da Nossa Senhora da Vitória à Ordem dos Dominicanos embora isso trouxesse maiores encargos ao erário público.
Passemos agora propriamente ao Mosteiro da Batalha, dito de Santa Maria da Vitória.
Em primeiro lugar o local escolhido para a sua edificação, não poderia ser exactamente no local onde se dera a dita Batalha de Aljubarrota, pois um Mosteiro e Convento a construir terá de obedecer a certas regras específicas onde, muito provavelmente as indicações do respectivo Mestre Arquitecto tiveram de ser referenciadas. Assim teria de ter uma nascente de água próxima para podê-la desviar e «canalizar» para os edifícios, claustros e granja, fazendo o chamado circuito de aproveitamento total dessa água. Circuito existente desde há muitos anos em todos os Conventos. A 1ª água a circular era aproveitada para beber e confeccionar alimentos, por ser a mais limpa, depois essa mesma água seria aproveitada para as lavagens e limpezas, daqui passava para as latrinas e destas estando a água já conspurcada, era recolhida em grandes tanques contendo algas e peixes do tipo carpas que purificavam a água. Esta por fim seguia para uns últimos tanques, que forneciam água para a rega de vegetais e pomares plantados na granja. Estes eram aproveitados, juntamente com as próprias carpas, para o alimento dos frades e vendidos ao povo vizinho. Poderemos chamar a este circuito um Circuito de Preservação do Ambiente!
Outra das condições para a edificação do Mosteiro e Convento era haver caminhos próximos para a comunicação com as outras povoações. Era necessário a existência de árvores para fornecer madeira e ainda jazidas de pedra calcária (chamada oolítica) para toda a construção.
Por outro lado a construção de uma igreja obedecia a certas regras simbólicas e religiosas. Assim deveria estar sempre «orientada», ou seja o altar-mor deve estar sempre no Oriente e o portão principal de entrada a Ocidente. O que para nós, maçons, não nos espanta, pois é o que acontece nas nossas Lojas. Será a copia e a influência do Templo de Salomão!
No caso do Mosteiro da Batalha, a sua localização foi de tal modo «estudada» que no Solstício de Verão, ao meio-dia, o sol ao entrar pelas janelas viradas para o Sul e que têm um parapeito interior desenhado em bisel para o chão, ilumina exactamente a metade norte do corredor central da nave e a sombra projectada pela parede sul desenha no dito corredor uma recta perfeita do Portão ao Altar que o divide por uma metade exacta!
Para demonstrarmos que a localização do Mosteiro ultrapassa a obra do acaso, sempre vos poderei informar que: se desenharmos um meridiano num planisfério terrestre pelo sítio da Batalha, exactamente na sua longitude, verificaremos que ele está a igual distancia dos respectivos meridianos traçados um na foz do rio Amazonas no Brasil e o outro, nas nascentes do rio Nilo em África. Ambos são considerados os dois maiores rios do mundo, o rio Nilo banha uma das regiões mais importantes devido à sua influência civilizacional e cultural no mundo ocidental, que foi a civilização egípcia. O outro, representa a descoberta do Novo Mundo, a existência de riquezas (ouro do Brasil?), que muito provavelmente os portugueses já o saberiam ao discutirem e ganharem a localização da foz do rio Amazonas no célebre Tratado de Tordesilhas!
A propósito do que foi dito sobre o Tratado de Tordesilhas, este demonstrava, ao tempo, a hegemonia dos dois Reinos Ibéricos na Europa no que respeita às suas possessões em todo mundo conhecido. Para demonstrar que a própria localização do Mosteiro da Batalha tinha um significado muito mais transcendente do que se pensa, vou vos demonstrar o seguinte esquema simbólico-geométrico tão apreciado em Maçonaria!
Pois bem, se desenharmos no Planisfério Terrestre um quadrado cujo um dos lados será a porção do meridiano que passa pelo Mosteiro da Batalha até à linha do Equador. O outro lado, a Sul, será a própria linha do Equador até à foz do Amazonas, local por onde passa o meridiano do Tratado de Tordesilhas. O lado ocidental do quadrado será a porção do próprio meridiano do dito tratado até encontrar o lado Norte que é formado pela linha horizontal que passa pela exacta latitude da Batalha. Para nosso grande espanto verifica-se que a hipotenusa do quadrado assim achado é exactamente o que liga os dois pontos: local do Mosteiro com o local da Foz do Amazonas! São coincidências a mais! (Este esquema foi-me fornecido por um ex-obreiro da nossa L:., o Paulo Guilherme D´Eça Leal, como algumas informações descobertas por ele, que vos direi mais adiante e que irão aparecer num livro que está a acabar de escrever).
A propósito do esquema atrás descrito, poderemos inferir que muito provavelmente os portugueses já sabiam da existência do Brasil e até a própria localização da foz do Amazonas! Não terão sido as ditas informações meramente confirmadas por Pedro Álvares Cabral ao aportar ao Brasil e o mito do Tesouro dos Templários (escondido) não se referiria à descoberta no Brasil das suas minas de ouro?
A localização do Mosteiro da Batalha, alem de tudo mais, está inserida num triângulo «Telúrico» e «Mágico» de Portugal, com as povoações de Alcobaça, Batalha e Tomar formando os seus vértices e, no seu interior, está Fátima!
Tendo discorrido sobre a localização «misteriosa» do Mosteiro, vou agora falar propriamente do plano arquitectónico e na sua própria construção que o nosso Mestre Affonso Domingues planeou e executou. No início da obra, em 1388, ele incluiu no seu projecto: a Igreja propriamente dita, a Sacristia, o Claustro e a Casa do Capítulo. Em 1404, faleceu, pelo que a continuação da construção coube a Mestre Huguet de nacionalidade não portuguesa (irlandesa? da Flandres? ).
Affonso Domingues deu à construção um Estilo Gótico Radiante, que mais tarde foi modificado para Gótico Flamejante por Huguet. Affonso Domingues alterou nesta obra os cânones existentes das rigorosas proporções do Gótico. Assim, a nave central passou a ser muito mais alta que as naves laterais que, por sua vez, são mais largas. Este conceito de construção provoca uma sensação de monumentalidade especial e nunca observada, ao tempo, na Europa!
Também se verifica, pelas medições feitas, que há coincidências nas distâncias, com as medidas do côvado real egípcio e com o sistema métrico, descoberto no século XIX! Assim a largura da nave da Igreja é de 22 metros exactos e que corresponde por sua vez a 42 côvados reais egípcios exactos! A altura do raio da curvatura da abóbada da nave central, corresponde a 10 côvados exactos! Assim, muito provavelmente, os cálculos da geometria aplicada na construção do Mosteiro por Mestre Affonso Domingues teriam sido em côvados.
Outro pormenor curioso existente na construção da Igreja, é esta não possuir Cripta! O que é estranho, pois praticamente todas as grandes Igrejas construídas na época tinham uma cripta mais ou menos visível ou secreta! Era na Cripta que se guardavam as relíquias mais secretas e valiosas ou documentos sagrados. Simbolicamente na construção duma Igreja havia virtualmente uma cruz com 4 braços: o mais comprido corresponde à nave central e ao Altar-Mor, os laterais correspondem à Epístola e ao Evangelho, o superior aponta para o Céu ou seja Deus e o braço inferior corresponde à dita Cripta que é o seio da Mãe Terra. Há alguns anos acompanhei o já anteriormente referido Paulo Guilherme em estudos sobre a construção da Batalha, tendo-se conseguido a colaboração oficial duma Engenheira especialista em pesquisas arqueológicas, que, usando um aparelho especial tipo radar ou ecógrafo sobre o pavimento da Igreja de modo a «quadricular» todo o espaço compreendido desde a porta da sacristia até aos pavimentos das cinco capelas que correspondem em conjunto ao Altar-Mor, verificou-se haver na realidade umas imagens que poderão significar a existência de um túnel subterrâneo, a pouca profundidade, e que terminava num espaço subterrâneo mais amplo, sob a quinta capela (a mais a sul). Será a tal Cripta??
E então? Perguntarão todos os meus QQ:. II:. com a vossa curiosidade despertada! Então NADA! Não se conseguiu prosseguir nas pesquisas por não haver autorização da respectiva Repartição do Estado responsável pelos monumentos nacionais para se levantar as lajes do chão nem sequer fazer um orifício no solo para introdução de um instrumento de observação tipo endoscópio, como existe em medicina, e que já existe nestas pesquisas arqueológicas!
Provavelmente haverá na tal possível Cripta, documentos templários com a indicação da existência de terras do Brasil recheadas do ouro mais tarde descoberto!
Não sabemos! Mas é bom sonhar!
Para finalizar vou vos ler um poema que fiz especialmente dedicado ao nosso Mestre Affonso Domingues:
Prancha de R. Dias – M:. M:.