Escultura Gótica

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Só no final do séc. XIII se dá a difusão do Gótico em Portugal. Coimbra, a residência dos Reis entre 1139 e 1383 transformou-se, a par Lisboa e Évora, num dos principais centros da arte escultórica gótica. A quantidade de trabalho devia-se essencialmente à escultura tumular, que deve alguma das obras mais importantes ao mestre Pere de Aragão, activo nos anos 30 do séc. XIV Os sarcófagos do arcebispo Gonçalo Pereira (+1336) na catedral de Braga, da Infanta Vataça na antiga catedral de Coimbra e o túmulo da Rainha Isabel de Aragão (hoje em Sta. Clara-a-Nova, Coimbra). Além de uma linguagem formal fortemente influenciada pela escultura oriunda de Catalunha e Aragão, Pere introduz um novo tipo de tumulo, profusamente copiado: o sarcófago monumental que descansa sobre

leões e que contém urna figura jacente, cujas paredes são cobertas com uma arcatura cega Alcobaça, Santa Maria, Sarcófago do rei D. Pedro, 1360-1367, Roda da Sorte na cabeceira do sarcófagogótica, com figuras de santos. Os exemplos reais sumptuosos são dois sarcófagos na igreja da abadia de Sta. Maria em Alcobaça (1300-1367), onde surge em segundo plano a conhecida história de amor entre o futuro Rei Pedro I e Inês de Castro, dama de honor da sua esposa. Para si e para a sua amada, assassinada às ordens de seu pai em 1355, Pedro I ordena que sejam concluídos sarcófagos com mais de três metros de comprimento de calcário branco. Na estrutura arquitectónica elegante e no relevo notável, a densidade iconográfica das figuras eleva-as, equiparando-as a obras de marfim preciosas, de grandes pretensões artísticas. A trágica história de amor é relembrada nas cenas inscritas numa Roda da Sorte com a forma de urna roseta, que se encontra na cabeceira do sarcófago de Pedro.Alcobaça, Santa Maria, Sarcófago do rei D. Pedro, 1360-1367

João I fundou como monumento à Batalha de Aljubarrota, que deu a vitória sobre Castela em 1385, e enquanto monumento fúnebre da Dinastia de Avis, o mosteiro dominicano de Sta. Maria da Vitória (Batalha). A construção e ornamentação desta jóia do Gótico tardio lusitano, concluída no séc. XVI, absorveu durante décadas os melhores mestres-de-obras e escultores. Os fundadores João I e Filipa de Lencastre foram sepultados em 1434 num sarcófago duplo na Capela do Fundador. As figuras jacentes dão as mãos, motivo transmitido pela arte tumular inglesa, através dos contactos da Rainha.

Mosteiro dos Jerónimos

O rendilhado cego ao estilo flamboyant sublinha a parte central da fachada ocidental, cujo portal possui 78 figuras no total, que revelam influências burgonhesas, nomeadamente de Claus Sluter (antes de 1434, foram parcialmente substituídas por cópias).

Os rendilhados colocados nos arcos quebrados do claustro, sob a forma de uma rede e um gradeado fino flamboyant datam da última fase de construção e foram elaborados por Diogo Boytac, mestre da corte do Rei Manuel I (1495-1521).

Outro monumento que representa a glória de Portugal, é o Mosteiro dos Jerónimos em Belém, fundado por Manuel I após ter recebido Vasco da Gama em 1499, no seu regresso da India.

No portal sul, elaborado sob a direcção de João de Castilho (1517-22), sucessor de Boytac, surge no parte-luz a estátua do Rei Henrique, o Navegador, (1394-1460), o promotor da expansão portuguesa, que aqui fundou uma capela mariana. De Chantarène, um dos principais representantes da escola Manuelina com Boytac e Castilho surge o portal ocidental (a partir de 1517), onde surgem a orar as figuras dos Fundadores, o Rei D. Manuel e a sua segunda esposa Maria de Castela. Enquanto que a ornamentação rica é do gótico tardio, os retratos dos fundadores já são da Renascença.

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