A Cadeia de União
A escolha de um tema para uma prancha não é uma tarefa fácil. Os motivos são diversos, desde a escolha stricto sensu e após esta, a permanente dúvida se estamos perante a escolha certa. Acabei por pensar muito, mas espero ter acertado na minha prancha inicial. Escolhi um tema relacionado com um dos melhores momentos passados numa sessão ritual – a cadeia de união.
A cadeia de união posiciona-se como um mero acto ritual, onde todos os irmãos se juntam numa introspecção comum. Mas este “mero” rito tem um amplo significado que ultrapassa a filosofia maçónica, ela representa o elo de fraternidade entre os homens.
Este momento une o professor ao operário, o Rei e o artesão, coloca os homens como iguais e entre iguais. O objectivo maçónico de fraternidade e de humanitarismo é amplamente alcançado na cadeia de união. O maçon emprega a sua genialidade e o seu esforço pessoal num objectivo comum para o bem-estar do próximo. Cada indivíduo aprofunda-se espiritualmente e tem uma atitude espiritual. Aqui se emprega o labor inicial da pedra bruta.
O maçon deve ser tolerante por natureza, pois assim se alcança o respeito ao próximo, atingindo-se valores mais elevados. O homem torna-se num todo. A cadeia de união é o singular que se completa com todos. Os irmãos respeitam-se e procuram que se atinja os objectivos éticos e humanitários que representam os ideais e princípios maçónicos.
A cadeia de união é formada no centro do Templo, composta de elos humanos exactamente iguais e que representam os espíritos maçónicos unidos numa solidariedade de ideias e comunhão de sentimentos e aspirações. A igualdade atinge o seu ponto alto.
A cadeia tem uma forma oval ou circular e estende-se do Oriente para o Ocidente.
No Rito Escocês o Venerável ocupa o lado mais oriental da cadeia e tem à sua direita o Orador e à esquerda o Secretário. O Mestre-de-cerimónias ocupa o lugar mais ocidental, em frente ao Venerável, tendo à sua esquerda o 1.º Vigilante e, à sua direita, o 2.º Vigilante. Todos os demais irmãos compõem a cadeia de acordo com a sua posição na Loja.
Juntam-se as mãos e os pés tocam-se para que o Venerável invoque a descida do espírito maçónico sobre a totalidade dos seus componentes, preparando-os para que vençam os obstáculos pessoais e limpando a atmosfera do Templo das vibrações impróprias ou maldosas à evolução de cada obreiro.
Quando está formada, a cadeia de união representa a Luz dos Astros em torno do Sol, simbolizando o Universo e a eternidade. Os irmãos unidos abraçam-se constituindo uma só cadeia de união, uma só família, orientada pela grandeza do Deus celeste, que é o G:. A:.D:.U:.
Na cadeia de união não são os olhos que vêm, mas o coração que sente.
A elevada riqueza de informações levou-me a que tornar-se simples esta prancha, mas a cadeia de união não é senão um sentimento fraterno simples que nos pode encher de grandeza interior.
Os elementos mágicos que caracterizam a cadeia de união são:
- O círculo que forma a cadeia, obrigatoriamente fechado
- A polaridade que é evidente no cruzamento dos braços
- A mão como elemento activo na cadeia
O final da cadeia realiza-se através de um movimento três vezes ondular que representa o ondular da serpente cósmica, pois a cadeia é uma onda energética que varre os seus membros de harmonia e paz interior. A quebra da cadeia deve ser lenta e suave de forma a não ferir a estabilidade do circuito fechado. O Venerável Mestre invoca as preocupações gerais e particulares da Loja, da Obediência e da Humanidade, tornando-se a cadeia o corolário obrigatório das sessões de trabalho em Loja.
Que a sabedoria inspire aqueles que participam na cadeia e que o G:. A:. D:. U:. nos mantenha firmes e unidos, no dia a dia de cada um e nos gestos e atitudes pessoais que tenhamos com os outros.
Disse, Venerável Mestre e todos os meus Irmãos!
Prancha de Autor não Identificado. – A:. M:. – R:.L:.M:.A:.D:. – Maio de 2005