O conceito maçónico de “Grande Arquiteto Do Universo” – III

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São conhecidas as raízes cristãs da Maçonaria, e como a partir destas a Maçonaria foi, progressivamente, acomodando outras crenças, até se chegar à situação atual, em que a Maçonaria se manifesta e se vive, neste aspeto, de formas muito diversas. Podemos encontrar, assim, desde Obediências estritamente cristãs – como é o caso da Maçonaria Regular na Suécia – até Obediências que prescindem de todo do conceito de “Grande Arquiteto do Universo” – como acontece com a Maçonaria Liberal.

As linguagens da lógica e da matemática permitem-nos estabelecer conceitos inequívocos com fronteiras precisas, de que decorrem conclusões claras e incontroversas; contudo, o conceito de “Grande Arquiteto do Universo” não é um desses conceitos passíveis de ser espartilhado dessa forma. É, antes, com contínuo difuso e vápido como o nevoeiro, que de longe parece sólido e opaco mas se nos vai furtando por detrás de uma progressiva transparência e incorporeidade à medida que dele nos tentamos abeirar.

Não creio que possamos, por isso, dizer sem medo de errar que o conceito de GADU vá daqui até ali, e que esta interpretação do mesmo esteja “de dentro” e aquela “de fora”. Onde houver a afirmação de que “sim, creio”, mesmo quando se siga de um “mas”, devemos admitir que o conceito se alargue um pouco, mesmo correndo-se o risco de que, qual diluição homeopática, pouco ou nada reste no fim daquilo que se pretendia garantir. Afinal, quem somos nós para dizer “a fronteira é aqui”?

E para terminar este tema, trago-vos as palavras de Christopher Haffner, no seu livro “Workman Unashamed: The Testimony of a Christian Freemason”:

“Agora imagina-me em Loja com a minha cabeça curvada em oração entre o Irmão Mohammed Bokhary e o Irmão Arjun Melwani. Nenhum deles entende o Grande Arquiteto do Universo como sendo a Santíssima Trindade. Para o Irmão Bokhary Ele revelou-se como Allah; para o Irmão Melwani Ele é provavelmente entendido como Vishnu. Uma vez que eu creio que há apenas um Deus, vejo-me confrontado com três possibilidades:
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– Eles estão a rezar ao demónio enquanto eu estou a rezar a Deus.
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– Eles estão a rezar a nada, pois os seus deuses não existem.
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– Eles estão a rezar ao mesmo Deus que eu; todavia, o seu entendimento da Sua natureza é parcialmente incompleto (como de resto é o meu: 1 Cor. 13:12)
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É sem hesitação que aceito a terceira possibilidade”.

Atrevo-me a ir mais longe: mesmo se, chegado o fim do caminho, nada haja afinal no alto da Montanha, não poderia ter feito melhor viagem do que a que tenho feito na companhia dos Meus Queridos Irmãos.

Paulo M.

Publicado no Blog “A partir pedra” em 28 de Fevereiro de 2011

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