e=mc2
A civilização humana actual baseia-se no consumo de energia. Usa-se energia para produzir. Usa-se energia para transportar. Usa-se energia para consumir. A energia é tão vital para a civilização humana, tal como a entendemos nos tempos actuais, como o ar para uma pessoa.
O problema é que a energia que existe em abundância (por exemplo, a solar) não é fácil de utilizar. Não é fácil pegar num pouco de energia solar e colocá-la dentro do reservatório do nosso automóvel, para a utilizar como combustível… O problema é que a civilização humana tem tendência para se desenvolver sempre através da solução mais fácil. Durante séculos, a necessidade de aquecimento foi suprida com o recurso à queima de madeira, recurso abundante e de fácil obtenção e utilização. Com a descoberta das potencialidades da energia do vapor de água, a obtenção deste fez-se à custa da queima de carvão. Com a descoberta do motor de explosão, a obtenção da energia necessária para movimentar o veículo fez-se à custa da ignição de produtos petrolíferos.
Em suma, ao longo do tempo a obtenção de energia fez-se à custa do consumo de meios naturais relativamente abundantes. Mas este paradigma tem dois custos, que cada vez mais se revelam mais preocupantes e penosos: a extracção de energia de recursos naturais gera resíduos; os recursos, ainda que abundantes, são finitos.
A civilização baseada na obtenção de energia através da queima de carbono (madeira, carvão, petróleo, no fundo são apresentações diferentes da mesma substância: o carbono) deixa como resíduo, além do mais o dióxido de carbono. Este, na medida em que não seja consumido pelas plantas, acumula-se e, segundo parece, gera um efeito de estufa susceptível de conduzir a um aquecimento global potencialmente catastrófico para a civilização humana, tal como ela está organizada.
Por outro lado, o mais eficiente dos recursos fósseis é, consabidamente, finito. Um dia, mais cedo do que mais tarde, não existirá matéria-prima suficiente para a gulodice energética dos nossos tempos.
Parece estar-se perante um problema insolúvel.
Que podemos nós, maçons, fazer para ajudar? O que sabemos fazer: especular, pensar, racionalizar. Bem sabemos que não há soluções mágicas, que a resolução de problemas complexos se obtém por pequenos passos, pelo solucionar paulatino de cada um dos pequenos problemas em que conseguimos dividir o imenso problema de que vamos tendo consciência.
Por mim, proponho que não esqueçamos a ciência pura, a física básica. Proponho que recordemos a equação popularizada por Einstein: e = mc2.
e = energia; m = massa; c = velocidade da luz no vazio.
Portanto, a energia é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz do vazio. Energia, massa, velocidade, os três termos da equação.
Velocidade é a medida do movimento. A equação pode, assim, ser referenciada aos três termos energia, massa, movimento.
O meio mais comum de obtenção de energia é extraindo-a da massa, isto é, de diversas substâncias, designadamente do carbono. Talvez a solução do problema energético da nossa civilização passe pela obtenção de energia extraindo-a do outro factor ínsito na equação popularizada por Einstein: o movimento.
Afinal de contas, se pensarmos bem, isso é o que está na base de algumas das que nós chamamos energias renováveis. A energia eólica deriva do vento, isto é, do movimento do ar. a energia das marés deriva do movimento do oceano.
Talvez seja tempo de substituir o paradigma da massa pelo do movimento, no que à obtenção de energia respeita. A Ciência e a Técnica têm a palavra. É que, quer queiramos, quer não, não resolvemos o problema do Ambiente sem obter uma razoável resolução do problema da obtenção de energia.