Duas certezas

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Li recentemente, “ O Livro da Ignorância geral”, escrito por John Lloyd e John Mitchinson, onde encontrei a seguinte passagem, “ Nunca se definiu com êxito o que é que confere interesse às coisas – ou se percebeu por que motivo aquilo que não sabemos é muito mais interessante do que aquilo que sabemos”…e considerei este pequeno excerto mais que oportuno para esta altura, pois, devido a algumas publicações recentes em órgãos de comunicação social escritos, intituladas de “grandes investigações” se cria, como é habitual, um espetro negro sobre a Maçonaria.

Naturalmente, o que é divulgado sobre a nossa Ordem, deixa-nos sempre apreensivos e, julgo falar por todos ou por uma larga maioria, há sempre uma certeza patente, antes sequer de lermos os artigos, na sua grande maioria, o que é publicado, não corresponde à verdade.

Não falo, claro está de entrevistas aos membros que são publicamente assumidos na sua qualidade de maçom, pois esses, proferem declarações e essas ficam, para sempre, agregadas a quem as profere, mas esses são indivíduos com certezas e não precisam sequer de ponderar nas respostas, sabem o que dizer e conhecem a real intenção das perguntas, portanto, quanto a esses estamos perfeitamente descansados. E, não falo também da Maçonaria dos séculos passados, pois essa também está escrita e perfeitamente identificada, mas ainda assim, também aí, nem sempre bate a “bota com a perdigota”.

Enquanto maçom, não assumido publicamente, pois até utilizo para assinar os meus textos aqui no blogue um pseudónimo, embora o mesmo seja verdadeiro, as palavras agora vindas a público, causam-me alguma insatisfação, mais que não seja porque as mesmas não são inteiramente verdadeiras. Infelizmente é em posição de segredo que tenho de manter a minha condição, um dia, mais tarde, a assumirei. Assim o espero.

Reconheço algumas verdades nas agora publicadas, mas ainda assim, nem essas são totalmente verdadeiras, claro que a Maçonaria não é secreta, claro que não temos poder algum no Estado, obviamente que não somos ricos e famosos e na sociedade a influência que temos é tanta como parca. Agora, é reconhecido por todos, que muitos maçons ocupam lugares de destaque nos mais variados quadrantes e aí sim, a nossa ação é considerada poderosa, pois os nossos princípios são utilizados em todo e qualquer lugar, quer seja com os nossos amigos e em família, quer seja profissional e ocasionalmente, e todos o fazemos, os que admitem a condição e os que a não admitem. Permitam-me escrever aqui, não é defeito é feitio.

Somos sim, livres e de bons costumes, informados e atentos ao que se passa em todo o nosso redor, em todas as relações do nosso dia a dia, dedicamos tempo a algo a que os não iniciados não dedicam, ou seja, ao nosso interior e, no final, queremos tão pouco, tão só queremos crescer enquanto homens e é aqui que está o nosso segredo, a nossa evolução e o estar atento ao que se passa dá-nos o poder do conhecimento. Quem não reconhece que, desde sempre, conhecimento é poder?

Como iniciados, temos, entre muitas, também duas certezas, a primeira que tudo o que é escrito sobre nós é não mais do a vã tentativa de nos incomodar, destabilizar e até quem sabe tentar, no limite a nossa extinção, a segunda é tão simples quanto isto, a nossa cadeia de união é forte o suficiente para analisar tudo isto e estamos sempre prontos para qualquer eventualidade.

Mais uma vez, aplica-se o princípio, “é sempre mais fácil falar do que não conhecemos…”

Daniel Martins

Publicado no Blog “A partir pedra” em 18 de Novembro de 2011

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