Terceiro Landmark

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palomaA Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.

A primeira noção que o terceiro Landmark nos transmite é a da masculinidade da Maçonaria Regular. Esta regra possibilita a crítica de que a Maçonaria seria misógina, na medida em que exclui a possibilidade de integração de pessoas do sexo feminino. Apontam ainda os críticos que, se se percebe a adopção desta regra no século XVIII e antes, não tem ela já cabimento nos dias de hoje, com a emancipação da mulher inerente à evolução da sociedade (de tipo ocidental, digo eu, já que, infelizmente, por esse mundo fora, em muitos locais não é bem assim…).

Não está, porém, caduca nem anacrónica esta regra. Nem revela a mesma qualquer misoginia. A masculinidade da Maçonaria Regular resulta de uma constatação que se afigura evidente: a diferença na forma de pensar e sentir entre os sexos. É comum ouvir-se e ler-se a frase de que “os homens são de Marte, as mulheres de Vénus”, a qual pretende, precisamente, ilustrar essa diferença entre os sexos.

Essa realidade é incontornável: os homens e as mulheres são diferentes, reagem diferenteremente, e isto independentemente das diferenças causadas pelas influências sociais ou de educação (que também contribuem, e muito, para acentuar as diferenças entre sexos).
Buscando a Maçonaria Regular o aperfeiçoamento individual dos seus membros, todas as normas de conduta, todos os ensinamentos, todas as formas de estímulo a esse aperfeiçoamento têm em conta a mentalidade masculina, as reacções masculinas. Não são, assim, adequados ao género feminino que não seria por eles motivado.

Vi já escrito – com uma inteligente ironia, reconheça-se – que, assim sendo, então estaria demonstrada a misoginia dos maçons, que considerariam que só os homens são susceptíveis de aperfeiçoamento. Também esta crítica não é justa. Poder-se-ia devolver a ironia, retorquindo que isso sucedia porque os maçons reconheciam serem as mulheres já perfeitas… Mas, de ironia em ironia, ganharia o debate da questão em humor o que perdia em seriedade. A razão da injustiça dessa crítica é outra. Ao defender-se que a organização e a forma de funcionamento e de interacção entre os maçons está dirigida a influenciar a mentalidadse masculina no sentido do aperfeiçoamento do indivíduo, não se está a extrair a consequência da impossibilidade de aperfeiçoamento das mulheres. Afirma-se apenas que o aperfeiçoamento de pessoas do sexo feminino deve ser induzido, influenciado, por diferentes formas de estímulo. Tão só.

Daí que, reclamando os Maçons Regulares para si a masculinidade da Maçonaria, não deixam estes de respeitar e saudar estruturas semelhantes que as mulheres criaram destinadas a idêntico objectivo e que são designadas por Maçonaria Feminina. Que, naturalmente, é interdita aos homens… Sem que isso autorize considerar tais estruturas como viciadas de feminismo e antagonismo ao género masculino…

Uma corrente de pensamento criou o que chama de Maçonaria mista, o Direito Humano, isto é, uma estrutura integrando homens e mulheres e destinada ao seu aperfeiçoamento. O objectivo é resoeitável, ainda que, pessoalmente, me permita duvidar da eficácia da utilização do “mínimo divisor comum” entre ambos os sexos para a obtenção de tal desiderato. Mas tal não é Maçonaria, muito menos Maçonaria Regular. Será algo de semelhante, algo de aparentado, seguramente respeitável, mas tão só.

Mas este terceiro Landmark não estipula apenas a masculinidade da Maçonaria. Expressamente menciona que a Maçonaria integra homens livres. Originalmente, esta expressão excluía os escravos. que não dispunham de liberdade em sua pessoa. Hoje, abolida a escravatura, a menção respeita à liberdade de determinação dos membros da Maçonaria. Que devem, consequentemente, abster-se de todos os actos que afectem essa liberdade de determinação, designadamente o consumo de substâncias que a prejudiquem ou alterem.
Têm ainda os maçons de serem “de bons costumes”, isto é, em especial de serem honestos, mas também que terem um comportamento socialmente aceitável, até porque só poderá influenciar a sociedade o maçon aperfeiçoado que pela sociedade seja aceite… Há quem entenda que esta menção aos bons costumes visa a exclusão da Maçonaria dos homossexuais. Não irei tão longe. Digo apenas que, onde for socialmente aceitável a homossexualidade, não existe exclusão; onde for socialmente inaceitável, ela existe.

Finalmente, este Landmark afirma expressamente que a Maçonaria é reservada aos que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz. Esta afirmação não exclui o acesso à Maçonaria dos militares. Embora profissionalmente se preparem para fazer a guerra, se necessário, tal não exclui que pretendam assegurar e garantir a Paz e que, muitas vezes, sejam necessários para a assegurar.
Este Landmark implica assim um permanente trabalho dos maçons em prol da Paz e da resolução dos problemas entre homens e sociedades por via pacífica, isto é, no seio da Legalidade Democrática.

In Blog “A Partir Pedra” – Texto de Rui Bandeira (28.11.06)

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